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Às Vezes

Às vezes, bastava uma palavra suave. Um simples toque, uma carícia delicada, um beijo que aquecia a alma, ou apenas um abraço apertado para acalmar o coração inquieto. Como se, nesse breve instante, tudo encontrasse o seu lugar, e o mundo deixasse de ser tão pesado.
A lágrima teimosa que se solta do olhar, quando as emoções transbordam, poderia ser limpa por um gesto tão simples. Às vezes, só isso era preciso.
Havia momentos em que apenas estar presente já era o suficiente. Sentir a respiração calma ao meu lado, perceber que o silêncio também fala, que os corpos comunicam sem palavras, era uma forma de persistir, de sobreviver aos dias mais cinzentos. E, ao abraçar, ao deixar escapar um sorriso, o peso da solidão esvaía-se, como se, ao abrir a mão, libertasse algo mais do que apenas o vazio. Era uma sensação de alívio, de leveza, como se, por breves instantes, a vida fizesse sentido.
Mas, outras vezes, queria apenas desaparecer. Não ser, não existir. Queria voar, partir para longe de tudo, como se o vento pudesse levar consigo o que pesa no peito. Nessas horas, o desejo de fuga era tão forte quanto o de permanecer, e o coração dividia-se entre a vontade de ficar e a necessidade de partir.

  • Filipe Miguel

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