Eu acreditei na vida com uma fé inabalável, como se tivesse toda a força do mundo ao meu dispor. Era uma confiança tão sólida que se refletia na forma como enfrentava cada dia, com a cabeça erguida e o coração aberto. A sensação de ter algo grande à minha espera era quase palpável, como uma luz que iluminava o meu caminho. Foi com essa confiança e um sorriso nos lábios que deixei crescer dentro de mim um amor puro e ingénuo, aquele tipo de amor que só quem ainda carrega a inocência de uma criança pode sentir.
Naqueles dias, eu acreditava que tinha finalmente alcançado o destino que tanto ansiava. Sentia-me completo, quase eufórico, como se tivesse encontrado algo que era exclusivamente meu, algo que ninguém mais poderia tocar ou compreender. O mundo parecia vibrar com uma harmonia que só eu podia ouvir, e o futuro se desdobrava diante de mim com promessas de felicidade eterna.
Mas, ah, como eu estava enganado! A realidade, implacável e cruel, não tardou a revelar-se. O que eu havia idealizado e pelo qual me entreguei com uma intensidade quase desesperada não passava de uma ilusão, uma miragem bem construída que se desfez diante dos meus olhos. A dor e a tristeza começaram a invadir o meu ser, e eu lutava para sufocá-las, mas parecia em vão. As minhas esperanças, que antes eram o meu porto seguro, desmoronaram como um castelo de cartas ao vento. O que restou foi um vazio profundo e doloroso, uma sensação de perda que parecia consumir cada parte de mim, como um eco interminável que preenchia os espaços mais íntimos do meu coração.
- Filipe Miguel

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