Hoje é a minha vez de te deixar ir. Sinto o peso deste momento, como se o ar à minha volta estivesse mais denso, quase sufocante. Cada palavra que digo carrega um pedaço de mim, mas é necessário. É preciso.
Entrego-te tudo aquilo que ainda nos ligava, tudo o que ainda podia fazer-nos acreditar que havia algo mais para nós. Agora, leva contigo o que restar. Se eu cair, levantarei, mesmo que custe, mesmo que a queda seja dura. Vai…
Leva as minhas lágrimas, e deixa que o mar as leve para longe. Guarda apenas as lembranças que achares dignas de serem guardadas, aquelas que ainda te fazem sorrir. Quanto a mim, não preciso de nada que já não me pertença. O que antes era meu, agora pertence a outro, a quem entregaste as promessas de um amor eterno, as promessas de sonhos que já não são meus.
Leva também a dor que ainda trago comigo, a tristeza que se instalou no meu peito, a deceção que me acompanha desde que percebi que o “nós” se tinha desfeito. Leva tudo o que magoou este meu pequeno coração. Leva contigo cada vestígio de felicidade que um dia partilhámos, mas, por favor, não me tires a esperança que ganhei com o tempo. Essa, é só minha.
Deixo-te ir. Sinto o aperto no peito, como se algo estivesse a ser arrancado de mim. Sei que o tempo acabará por apaziguar essa dor, por mais que agora pareça insuportável. Um dia, o coração vai acalmar, quando finalmente aprender a abrir mão de ti.
No entanto, sei que nunca desaparecerás completamente de mim, porque um verdadeiro amor não se apaga. Guardo-te aqui, no fundo do meu peito, e continuarei a amar-te à minha maneira, numa saudade que nunca adormece.
E tal como uma borboleta que ganha asas para voar, sei que não posso mais prender-te. Abro-te a janela, e deixo-te ir em direção a um novo lar, um novo amor. Hoje é a minha vez de te libertar… Já estás livre. Já podes voltar a amar.
- Filipe Miguel

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