Amei demais. Talvez até tenha amado mais do que deveria, mas não me arrependo. Recordo-me de cada lágrima que choraste. Eu bebi-as como se fossem minha própria dor. A cada vitória tua, eu aplaudia com orgulho, como se as tuas conquistas fossem também minhas. Beijei o chão que pisaste, não por servidão, mas por adoração.
Quando tinhas tudo de mim – cada pedaço do meu ser, cada batida do meu coração – deixaste-me. Fiquei esquecido no teu jardim, aquele onde outrora florescíamos juntos. O amor, para mim, sempre foi assim: verdadeiro, sem reservas. Nunca soube amar pela metade, sempre derrubei todas as barreiras, acreditando que o amor, quando é real, não conhece limites.
Mas, sozinho no jardim, o vazio instalou-se. E percebi que, por mais que tenha dado tudo, talvez tenha recebido menos do que esperava. Amei demais, é verdade, e sei que voltarei a amar da mesma forma, sem aprender a dar menos do que tenho para dar. Esse sou eu, incapaz de me entregar pela metade.
Um dia, acredito, a alma que habita em mim voltará a florescer em outro jardim. Não sei quando, não sei onde, mas sinto que será assim. Porque, no fundo, o meu amor é puro, delicado, e tantas vezes foi apaixonado. Um amor sincero, dedicado, que não encontrou a mesma prioridade em ti, mas que permanece em mim.
Hoje, sou uma flor, ainda de pé, num qualquer jardim que me acolha. Guardo em mim todo o amor que posso, esperando que um dia encontre um solo fértil onde possa florescer novamente. Até lá, continuo a ser essa flor, que ama demais, que acredita no amor eterno, mesmo quando não é correspondido.
- Filipe Miguel

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