A noite cai lentamente, e o frio lá fora começa a apertar, tornando-se mais presente a cada minuto que passa. Aqui dentro, a lareira estala e crepita, preenchendo a sala com um calor aconchegante que não só aquece o corpo, mas também reconforta a alma. O som das chamas a dançar no fogo mistura-se com o tilintar dos copos de vinho que vamos esvaziando devagar, enquanto nos deixamos envolver pela atmosfera íntima e tranquila que se instalou.
De repente, sinto o peso do teu olhar fixo em mim, penetrante e profundo, e o meu coração dispara, sem saber ao certo como responder a essa intensidade. Deixo escapar um suspiro, que se perde no ar entre nós, revelando mais do que qualquer palavra poderia dizer. Dentro de mim, uma fogueira acende-se, uma chama que arde com uma força incontrolável, tornando tudo o resto irrelevante, insignificante.
Sinto os teus dedos a deslizarem suavemente pelos meus cabelos, uma carícia que me arrepia a pele e que precede o toque dos teus lábios nos meus, quentes, urgentes, repletos de desejo. Um turbilhão de emoções começa a tomar conta de mim, e num impulso, sem conseguir resistir, murmuro quase sem voz: “Quero-te.”
Nesse momento, todo o resto do mundo desaparece. Nada mais nos pode afastar, nada mais importa. Os nossos corpos, ansiosos e sedentos, tremem de desejo, e a paixão que há tanto tempo vinha crescendo entre nós explode, consumindo-nos por completo.
Guias as tuas mãos pelo meu corpo, conhecendo cada centímetro de pele como se fosse um mapa secreto, uma estrada que percorres sozinha, até que a noite se transforme em dia. Perco a noção do tempo, agarro-me a cada segundo que passa, saboreando cada instante com uma intensidade quase dolorosa, na volúpia dos sentidos, entre gemidos que escapam dos nossos lábios entrelaçados.
Lá fora, o frio continua, implacável, mas aqui, entre nós, há um calor que nos consome, que queima com uma intensidade que só a verdadeira sedução pode provocar. E assim, enquanto o mundo lá fora se veste de gelo, nós entregamo-nos a este fogo que arde sem se apagar, nesta doce e eterna sedução.
- Filipe Miguel

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