Quando penso em mim, vejo-me como uma soma de pequenas coisas. Sou feito das gotas de orvalho que se formam ao amanhecer, quando o mundo ainda está adormecido, e o silêncio da madrugada traz aquela frescura suave. Há em mim o brilho das estrelas que cintilam numa noite escura, lembrando-me da vastidão do universo e da minha pequenez perante tudo o que me rodeia. Sou também composto pelos grãos de areia que o mar incessantemente molda, cada um único e ao mesmo tempo parte de algo maior, algo sem fim.
Dentro de mim, existem palavras que deslizam suavemente, como uma brisa leve num dia quente. Palavras que acalmam, que confortam, mas que também guardam lágrimas fáceis, daquelas que por vezes escondo, sem querer mostrar ao mundo a sensibilidade que me define. Os meus sorrisos são muitas vezes envergonhados, um reflexo de emoções profundas que se revelam num simples olhar, na doçura que só os sentimentos verdadeiros conseguem expressar.
No meu íntimo, há um jardim florido, repleto de flores que cultivo com carinho. Cada uma delas representa uma memória, um momento de felicidade que guardo com zelo. As cores que pintam a minha vida são as de um arco-íris interminável, uma paleta que vai além do visível, tingindo cada sonho que tenho, cada esperança que alimento.
E sou, acima de tudo, feito de sonhos. Sonhos que me levam a voar, mesmo sem asas. Já voei tanto, tantas vezes, com o simples impulso do coração. Porque, no fundo, é ele que me guia, que me faz acreditar que o impossível é apenas uma questão de perspetiva. E assim, continuo a voar, deixando-me levar pelas emoções que me fazem ser quem sou.
- Filipe Miguel

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