Nunca soube que aquele seria o último beijo, o último abraço, o último toque. Vivia tudo com uma intensidade desmedida, mergulhado no presente, sem pensar no amanhã, sem imaginar que o futuro pudesse escapar-me por entre os dedos.
Se ao menos soubesse que era a última vez, teria gravado cada instante com mais cuidado, teria sentido cada beijo com mais alma, teria abraçado com mais força, teria tocado-te como se o mundo dependesse disso. Mas não soube, e a despedida ficou presa no silêncio.
Um dia, sem aviso, os ventos levaram-te para longe. Fiquei sem ti, sem uma palavra, sem um adeus. Apenas o vazio do teu lugar, o eco dos momentos que partilhámos. E agora, tudo o que me resta é o arrependimento por não ter sabido, por não ter percebido que o tempo se esgotava.
O que daria para ter uma última chance, para voltar a sentir o teu cheiro, para ouvir a tua voz, para guardar um pouco mais de ti. Mas o tempo, cruel como é, não volta atrás. Fiquei sem ti, perdido na saudade, agarrado à lembrança do que fomos e do que poderíamos ter sido.
E aqui estou, sozinho, com o coração apertado, tentando encontrar algum sentido na ausência. Se soubesse, teria sido diferente, teria sido mais… tudo. Mas a vida, essa imprevisível, não me deu a oportunidade de saber. E agora, só resta aceitar, mesmo sem entender, e seguir em frente, levando-te sempre comigo, em silêncio.
- Filipe Miguel

Deixe um comentário