O medo é um traidor, não achas? Ele consegue entravar a nossa alma, fazendo com que nos sintamos presos, como se fôssemos pássaros sem a capacidade de esvoaçar. Recordo-me de noites em que o medo tirou-me o sono, apagando até mesmo a luz suave da lua que costumava trazer alguma paz. A sensação é de que ele esconde as pedras da calçada por onde andamos, e até as estrelas que poderiam guiar o nosso caminho parecem ter desaparecido.
Nas primeiras horas da madrugada, o tempo parece acelerar, e eu ouço o meu coração a palpitar, quase como um tambor apressado, ansioso. Mas, acima de tudo, percebo que o medo não deve ser um castigo. Não é justo que se torne a razão da solidão. Precisamos de um ombro amigo, alguém com quem possamos desabafar e partilhar as nossas inseguranças, mesmo quando tudo parece envolto em escuridão.
Então, que se abra uma janela! Que a luz entre, iluminando os recantos mais sombrios da nossa mente. Que sejamos como uma caravela, navegando ao sabor das ondas, guiados pelo próprio mar. Que os sonhos nos inspirem e nos deem coragem, e que o desejo fale mais alto do que o medo. Nunca podemos permitir que o medo se torne uma paragem numa vida repleta de sobressaltos.
Na verdade, é nas asas do desejo que encontramos a verdadeira liberdade. E num simples beijo, talvez possamos vencer o medo que nos atormenta ao acordar. Assim, poderemos voar livremente, abraçando cada momento com esperança e coragem.
- Filipe Miguel

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