Filipe de Luar

Levei-te comigo, apertado debaixo do braço, como um amigo silencioso que me acompanha nos momentos de solitude. Senti o calor reconfortante da tua presença, um abraço de papel que me acolhe, especialmente depois de tanto tempo perdido na estante. O cheiro do papel envelhecido envolvia-me, misturando-se com a leve fragrância de tinta, enquanto a luz suave do fim da tarde filtrava-se pela janela, criando um ambiente quase mágico.
Perdi-me contigo, na imensidão das tuas páginas, mergulhando nas aventuras que guardas com tanto carinho. Cada palavra era um convite a explorar novos mundos, a desbravar paisagens que só existem na tua imaginação. O teu mundo de papel era um refúgio, onde as palavras dançavam como folhas ao vento, doces e cativantes, mais do que o mel que derrete na boca.
Sonhei contigo, e ao despertar dos teus capítulos, sentia uma fome insaciável por mais. Era uma vontade imensa de repetir cada aventura, de voltar a mergulhar naquelas histórias e sentir mil emoções a desfilarem diante de mim. Era impossível resistir; cada página virada era uma queda nos braços da tua narrativa, onde um sorriso se desenhava automaticamente nos meus lábios, como se as letras me envolvessem num abraço caloroso. Queria mais, sempre mais, e assim continuei a viajar, página a página, numa dança interminável com as tuas palavras.

• Filipe Miguel