Filipe de Luar

Este verão tem sido um espetáculo de imprevisibilidade, uma verdadeira montanha-russa climática. Os dias, em vez de se apresentarem com um calor uniforme, revelam uma coreografia de estações que muda a cada hora. De manhã, ao acordar, somos brindados com a frescura revigorante da primavera, com os seus aromas de flores e o ar ligeiramente húmido. À tarde, o calor intenso do verão toma conta, transformando o ambiente numa sauna natural onde o sol é o rei absoluto, desafiando-nos a procurar sombra e a refrescar-nos com bebidas geladas. À medida que o dia se aproxima do fim, a atmosfera transita para o outono, com temperaturas a baixar gradualmente e uma brisa que traz consigo o crepúsculo das folhas secas. E, por fim, ao cair da noite, o inverno faz a sua entrada silenciosa, com uma frescura cortante que nos obriga a procurar agasalhos e a nos encerrar em ambientes quentes.
Este verão atípico desafia-nos a estar sempre preparados, pois a cada momento a natureza nos presenteia com um clima diferente. É como se estivéssemos a viver um microcosmo das quatro estações num único dia, um fenómeno que transforma cada dia num pequeno palco de mudanças climáticas. Assim, em vez de nos resignarmos à rotina do calor contínuo, aprendemos a dançar com a imprevisibilidade, a apreciar a beleza da transitoriedade e a valorizar cada estação, seja ela uma breve manhã de primavera ou uma noite fria de inverno.

• Filipe Miguel