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Seguir em Frente

O sol espreitava por entre as persianas semiabertas, lançando um suave brilho dourado sobre a sala. Sentados no sofá, com uma chávena de chá nas mãos, olhámos um para o outro. Estava claro que precisávamos de uma conversa franca e calorosa sobre tudo o que tínhamos vivido.
— O passado é isso mesmo, — comecei, tentando encontrar as palavras certas. — É passado. É um tempo que já foi vivido e não podemos, nem devemos, ficar lá a viver.
Ela suspirou, os olhos marejados de memórias que pareciam querer transbordar. — Eu sei, mas às vezes é difícil. Parece que essas recordações não me largam.
Aproximei-me um pouco mais, tocando-lhe na mão num gesto de apoio. — O passado fica eternamente na nossa memória. Não podemos apagá-lo, nem devemos esquecê-lo, mas viver no passado impede-nos de viver o presente. E o presente é o único tempo em que podemos viver verdadeiramente.
Ela assentiu, ainda hesitante. — Mas como é que deixamos essas memórias para trás? Como é que seguimos em frente?
— É uma escolha diária, — respondi, com ternura. — Lembramos o passado, mas vivemos o presente. E sonhamos com o futuro, construindo-o nas bases do que aprendemos. O passado ensina-nos, mas é no presente que fazemos as mudanças. Para a frente é que é o caminho.
Ela olhou-me nos olhos, encontrando força na nossa ligação. — Mas por vezes parece que não andamos, que ficamos estagnados.
— A vida tem dessas fases, — afirmei, apertando-lhe a mão. — Mas o caminho está nas nossas mãos e nos nossos sonhos. Não devemos parar de sonhar nem de correr. Para a frente é que é o caminho, mesmo quando parece que nada muda. O importante é continuar a andar.
— Sim, mas não posso simplesmente esquecer o que aconteceu, — disse ela, a voz tremendo levemente.
— Claro que não, — concordei, com empatia. — Não podemos apagar o passado, nem o que vivemos. Mas aconteça o que acontecer, devemos seguir em frente. Viver o presente com alegria e preparar o futuro. Reviver más memórias só nos impede de avançar. Recordamos o que nos fortalece e deixamos para trás o que nos faz mal.
Ela respirou fundo, assimilando as minhas palavras. — Haverá sempre obstáculos pelo caminho.
— Sem dúvida — sorri, encorajando-a. — Mas são esses obstáculos que, quando os ultrapassamos, nos fazem dizer: consegui, superei, aprendi e estou mais forte. O que não nos derruba, fortalece-nos. Enfrentemos o presente e o futuro com otimismo, sem medo, corrigindo o que fizemos de menos bom e melhorando tudo o resto.
Ela começou a sorrir, a esperança acendendo-se nos seus olhos. — Só se vive quando se cresce todos os dias.
— Exatamente, — concordei. — Deixar ficar e deixar andar é garantir que continuamos a ferir-nos. Essas feridas só saram quando estamos dispostos a viver, a aprender e a amar todos os dias.
— Então o passado já passou e o futuro, ninguém sabe como será, — refletiu ela, agora com mais confiança. — Em cada hoje, vivo com o que aprendi ontem. Vivo com a certeza de que o que não foi bom ontem faz-me ser um pouco melhor hoje.
— Precisamente, — afirmei, emocionado pelo seu entendimento. — Para todos aqueles que têm um passado bem presente, façam um esforço e sigam em frente. É gratificante chegar a qualquer etapa da vida e saber dar o devido valor ao passado, mas lembrar que o passado é isso mesmo, passado.
Ela sorriu, uma lágrima escorrendo-lhe pelo rosto. — Ninguém pode apagar o passado, mas qualquer pessoa pode aprender com ele e ultrapassá-lo.
— A felicidade, somos nós que a construímos, — disse, sentindo uma onda de calor e solidariedade entre nós. — Ficar agarrado ao que já foi não deve ser desculpa nem opção para ninguém. O presente é o tempo e o momento certo para viver, amar e ser feliz.
— Vivamos. Amemos. E sejamos felizes sem desculpas, — completou ela, abraçando-me com gratidão.
E ali, naquele abraço, soube que tínhamos dado mais um passo em frente, juntos, prontos para enfrentar o presente e construir um futuro radioso.

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