Anúncios
Anúncios

Perdoando o Tempo

Estava sentada na varanda, o sol a pôr-se devagar no horizonte, a luz dourada a brincar nos seus cabelos. Ele chegou de mansinho, como quem não quer interromper o momento, mas a inquietação nos olhos denunciava o turbilhão dentro de si.
— Sabes, — começou ele, a voz suave, mas carregada de uma nostalgia difícil de esconder, — às vezes penso no tempo e em tudo o que ele leva e traz. Como agora, este pôr-do-sol… é tão bonito, mas momentâneo.
Ela olhou-o com ternura, reconhecendo naquelas palavras uma ressonância com os próprios sentimentos. — Sim, — respondeu, com uma voz aveludada pelo carinho, — o tempo tem esse poder sobre nós. Por isso, decidi perdoá-lo.
Ele franziu a testa, curioso. — Perdoar o tempo? O que queres dizer com isso?
— Perdoo o tempo, — continuou ela, os olhos a brilhar com uma compreensão profunda, — que, interferindo nas nossas vidas, produz dores, mas cura as feridas; que nos faz rir e chorar de alegria, clareia a noite e escurece o dia.
Ele sorriu, um sorriso meio triste, meio aliviado. — É verdade, tantas vezes nos esquecemos que o tempo também cura.
— Sim, — concordou ela, segurando-lhe a mão com firmeza, — e também nos dá força para encarar a realidade, e, vez por outra, faz despertar a saudade.
Ele apertou a mão dela de volta, sentindo a conexão profunda e sincera entre os dois. — Perdoo o tempo, — murmurou, como se testasse a ideia nos lábios, — que movimenta minutos e segundos, fazendo girar os ponteiros do mundo; que rege com exatidão cada estação e me dá idade nova no final do verão.
Ela acenou com a cabeça, os olhos fixos no horizonte onde o sol finalmente se despedia. — Sim, perdoar o tempo é perdoar a vida que temos. É aceitar que cada momento, bom ou mau, molda-nos, transforma-nos e nos une ainda mais.
O silêncio que se seguiu foi preenchido por uma paz tranquila, uma compreensão mútua que só os corações entrelaçados conseguem alcançar. O mundo ao redor continuava a girar, o tempo a mover-se implacavelmente, mas naquele instante, eles estavam juntos, perdoados e em paz.
— Perdoo o tempo, — repetiu ele, agora com convicção, — porque ele nos trouxe até aqui, a este momento.
— Sim, — respondeu ela, encostando a cabeça no ombro dele, — e neste momento, estamos juntos, e isso é tudo o que importa.
O tempo passou, como sempre passa, mas naquele espaço de compreensão e amor, eles encontraram a eternidade nos segundos compartilhados, um refúgio na constante corrente do tempo.
E assim, aprenderam que perdoar o tempo é abraçar cada momento com gratidão, transformando-o numa oportunidade de amor e crescimento.

Sigam-me, partilhem e comentem nas redes sociais:

Deixe um comentário