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O Encontro da Luz do Dia e da Noite

Parece que a luz já se deu por satisfeita. Depois de ter deixado tudo muito às claras, chegou a hora de ser absorvida pela boca da noite. Aquilo que não se demora nem sempre é breve; o que há de ser levado, que a sombra leve, mas com a leveza que cabe aos degradés.
Imagino-nos sentados juntos, na varanda da casa de campo, a observar o espetáculo diário do pôr do sol. — Sabes, — disse-te com um sorriso, — a luz do dia parece uma visitante que, depois de nos contar todas as suas histórias, despede-se devagarinho, deixando um rastro de saudade.
— É verdade, — respondeste, com os olhos brilhando. — A maneira como a luz se transforma em escuridão tem algo de mágico, não achas? — Concordei, sentindo a paz daquele momento.
Que o frenesi do dia seja substituído pela pausa e que o efeito que a define se afine com a causa. Que a passagem do lume à penumbra faça-se não somente devagar, mas, na verdade, de forma agradável, a ponto de podermos saborear o entardecer.
— Cada fim de tarde é como uma promessa de calma, — disseste, com a tua voz suave. — É quando podemos finalmente respirar fundo e sentir o ritmo desacelerar. — Peguei na tua mão, apertando-a levemente, em sinal de concordância e apoio. — Sim, é como se o mundo nos convidasse a apreciar cada instante, sem pressa.
Ali está a tarde, entre o dia e a noite, como pés em dois barcos, mas não naufraga. Paira, flutua, e, de maneira profunda, funde-se com graus e degraus do instante.
— A tarde, — continuei, — é como uma ponte que nos leva de um momento ao outro, sem sobressaltos. Ela sabe exatamente como equilibrar-se entre a luz e a sombra. — Olhaste para o horizonte, onde as cores começavam a misturar-se num degradé suave. — É como se estivesse a dançar, não achas? Uma dança lenta e graciosa.
O resto de luz, que porventura ainda arde, contrasta com réstias de penumbra da tarde, que aos poucos chega e se aconchega. E o dia saiu de viagem… Mas volta!
— E mesmo quando a noite chega, traz consigo uma promessa de novo começo, — dissemos em uníssono, como se os nossos corações estivessem sincronizados.
— Sim, — disseste, com um sorriso sereno. — O dia sempre volta. E cada pôr do sol é um lembrete de que, por mais longa que seja a noite, a luz encontrará sempre o seu caminho de volta até nós.
Abracei-te, sentindo a profundidade da tua compreensão e a conexão que nos unia naquele instante. Naquele abraço, estava toda a certeza de que, juntos, poderíamos enfrentar qualquer escuridão, pois sabíamos que a luz, tal como a nossa ligação, era eterna.
E assim, abraçados na certeza da luz que sempre retorna, saboreamos a promessa de um novo amanhecer a cada pôr do sol.

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