Anúncios
Anúncios

Amor pela Poesia

Sentados à mesa do café que tantas vezes nos acolheu, o aroma dos grãos torrados envolvia-nos numa espécie de abraço familiar. O sol de final de tarde entrava pelas janelas largas, desenhando sombras quentes e acolhedoras. Olhei para ti, os teus olhos brilhavam com a intensidade de quem tem algo profundo a partilhar. Seguraste a minha mão, e começaste a falar, com uma voz doce e serena.
— Sinto que escrever poesia, — disseste, com um sorriso leve, — é ter um caso de amor, público, com as palavras.
Fiquei a observar-te, capturado pelo teu entusiasmo. As tuas palavras tinham uma musicalidade própria, e eu sentia-me completamente envolvido pelo que dizias.
— É cortejá-las com o olhar, atraído pela aparência, — continuaste, os teus olhos fixos nos meus, — apaixonar-se pelo significado, mas amando o ‘vir a ser’.
Assenti, compreendendo cada sentimento. Havia algo de mágico na forma como descrevias a tua relação com a poesia. Era como se cada verso fosse uma declaração de amor, uma promessa sussurrada ao vento.
— É perceber-se abraçado, — disseste, apertando ligeiramente a minha mão, — querendo que os versos também movam outros lábios, desde que encantem o coração.
Senti o meu coração aquecer com as tuas palavras. Era impossível não ser tocado pela tua paixão, pela maneira como valorizavas a conexão emocional que a poesia podia criar. A tua voz era um abraço, e eu deixava-me levar por ela.
— É relacionar-se intimamente com a forma e o conteúdo, — continuaste, agora com um brilho especial nos olhos, — até que a conceção amorosa suavemente nos envolva, a ponto da nossa alma poética alcançar o ápice e, num êxtase, possa nos possuir por inteiro.
A tua descrição era tão vívida, tão cheia de sentimento, que quase podia ver as palavras dançando no ar entre nós. O amor que sentias pela poesia transparecia em cada sílaba, e eu sentia-me privilegiado por partilhar aquele momento contigo.
— E é assim, — concluíste, com um sorriso terno, — que a poesia nos envolve, nos transforma e nos une, num laço invisível, mas inquebrável.
Fiquei em silêncio por uns momentos, absorvendo tudo o que tinhas dito. Sentia-me profundamente comovido, não só pelas tuas palavras, mas pela forma como as partilhaste. Havia uma beleza indescritível na tua visão da poesia, algo que transcendia o simples ato de escrever e tocava a essência do ser.
— Sabes, — comecei, com um nó na garganta, — nunca tinha pensado na poesia dessa forma. Mas agora, graças a ti, sinto que entendo um pouco mais da magia que ela encerra.
Apertaste a minha mão com carinho, e nesse instante, senti que estávamos mais próximos do que nunca. Naquele pequeno café, com o sol a despedir-se do dia, partilhámos não só palavras, mas também almas. E foi assim que, através da tua poesia, encontrei uma nova maneira de ver o mundo e de te amar ainda mais.
Enquanto nos levantávamos para sair, olhei para trás, para a mesa que testemunhara aquela conversa tão íntima. A poesia tinha, de facto, esse poder: de nos unir, de nos transformar, e de nos fazer sentir profundamente compreendidos e amados.
Com um último olhar e um sorriso, senti que a poesia, tal como o amor, tem o poder de iluminar até os dias mais comuns.

Sigam-me, partilhem e comentem nas redes sociais:

Deixe um comentário