Há momentos na vida em que as palavras parecem querer fugir, esconder-se em algum recanto do nosso ser, como se tivessem medo de serem pronunciadas. Ficamos ali, com as palavras presas na garganta, transformando-se em nódoas de silêncio. Há palavras que ficam por dizer, que se tornam mudas e, com o passar do tempo, transformam-se em memórias que deixam saudades. Cada palavra não dita é uma oportunidade perdida, um momento ilusório que se desvanece no tempo.
Lembro-me de um dia em particular, quando as lágrimas me falavam mais do que eu conseguia expressar. Era como se o coração quisesse falar, mas só soubesse chorar. O coração não fala, é verdade, mas sente profundamente e tem formas muito próprias de se expressar. Muitas vezes guardamos os nossos sentimentos, deixamos as palavras por dizer e perguntamo-nos: “Para onde vão essas palavras que ficam por dizer? Para onde vão?” Será que se evaporam? Vão para o vazio da incerteza? Ou ficam alojadas na alma, esperando o momento certo para serem libertadas? Talvez fiquem na nossa cabeça, a massacrar-nos com a sua ausência, a lembrar-nos constantemente do que poderia ter sido dito.
Essas palavras não desaparecem. Ficam a vaguear por aí, muitas vezes a incomodar-nos até que, por fim, encontrem a sua saída. Podem ser esquecidas num dos muitos recantos da nossa memória ou serem suplantadas por novas experiências, por vezes, até por essas modernices e estrangeirices que agora tanto se usam. Mas a verdade é que, se não as dissermos, corremos o risco de as perder para sempre. E o peso das palavras não ditas é algo que nos pode acompanhar a vida inteira.
Por isso, é tão importante dizermos o que sentimos quando sentimos. As palavras têm um poder imenso, mas esse poder desvanece-se com o tempo. O tempo desgasta, cansa e fere. E, muitas vezes, quando finalmente encontramos coragem para dizer o que sentimos, já é tarde demais. O momento passou, e o impacto das palavras perdeu-se. Nunca devemos deixar para amanhã o que podemos dizer hoje, porque amanhã pode ser tarde demais. O coração, quando fica por falar, acaba por chorar o que ficou por dizer.
Se amas, diz! Se sentes saudades, diz! Se alguém te faz falta, diz! Mas diz com vontade, com orgulho, com o coração. Não deixes que o medo te impeça de expressar o que sentes. Ama sem medo de dizer que amas. Vai, corre, diz! Porque no lugar do amor, podem ficar apenas as saudades, e a vida é demasiado curta e passa demasiado rápido para deixarmos as palavras por dizer.
“I love you! Pronto, já disse!”
Afinal, a vida é mesmo assim, feita de momentos que precisam de ser vividos e palavras que precisam de ser ditas. Porque, no final das contas, o que realmente importa são os sentimentos que partilhamos e as palavras que deixamos ecoar nos corações daqueles que amamos.
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Filipe de Luar 
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