Numa daquelas fases em que a ausência aperta, a saudade torna-se uma presença indesejada. Aquela saudade que nos envolve como uma sombra, quando a nostalgia bate à porta e traz consigo lembranças sem explicação. A vida, então, parece entrar em modo de espera, como se tudo estivesse congelado. Os acontecimentos acumulam-se, e a existência transforma-se numa eternidade sem fim, sem começo.
Numa solidão cinzenta, carregada de tons de punição, eu encontrava-me. E foi nesse cenário que tu apareceste, mas nunca verdadeiramente entraste na minha vida. Não sei ao certo o porquê. Talvez porque estivesse imerso numa solidão cinzenta e amarga, em que as tonalidades que me caracterizavam eram de punição e advertência. Partiste sem realmente chegares, deixando tantas palavras por dizer e ações por realizar. A vida sem ti tornou-se um castigo monumental!
No meio do silêncio e da ausência, as saudades tornam-se mais autênticas, refletindo-se nas palavras não pronunciadas. Vivemos menos momentos de sonho, luz, sorrisos e amores. O silêncio, por sua vez, grita alto, fazendo-nos sentir a falta e a prisão como um castigo pelo nosso próprio silêncio e solidão. Este amor de alma, que se estende pelo universo, transformou-se numa vida intermitente entre o que ficou por dizer e aquilo que jamais conseguirei expressar.
Tu partiste, deixando-nos num estado de descalabro total. O que ficou por dizer dói profundamente, porque, na minha prisão silenciosa e solitária, não pude expressar o quanto te amo, o quanto te desejo, o quanto gosto de ti. Assim, eu olho para as estrelas, fixando-me na mais cintilante e brilhante. Essa estrela és tu, e é contigo que converso sobre os caminhos que poderíamos ter trilhado juntos.
Imagino-nos abraçados, confortavelmente deitados na nossa cama. Hoje, restam-me os teus cheiros, o som da tua voz e o doce sabor dos teus lábios. A vida sem ti é, sem dúvida, um castigo! Sem um amor que nos inspire a revelar o melhor de nós, nunca alcançaremos a plenitude da força que desconhecemos possuir. Viver sem ti é, sem sombra de dúvida, um castigo!
Na saudade, descobrimos a coragem de revelar o melhor que há em nós.
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Filipe de Luar 
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